Os estoques de suco de laranja brasileiro em poder das três
indústrias que lideram as exportações globais da commodity a partir de suas
operações no país confirmaram as expectativas e aumentaram no segundo semestre
do ano passado.
Conforme levantamento da Associação Nacional dos Exportadores
de Sucos Cítricos (CitrusBR), em 31 de dezembro o volume armazenado por suas
associadas Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus no Brasil e no exterior alcançou
702.981 toneladas equivalentes ao produto concentrado e congelado (FCOJ), 41,3%
mais que no fim de 2016.
A CitrusBR lembrou, em comunicado, que esses estoques são
calculados a partir de auditorias individuais conduzidas pelas associadas que
depois são alvo de nova auditoria, promovida pela entidade.
O aumento era esperado, já que o nível do fim de 2016
(497.383 toneladas) foi o mais baixo da história recente. Adversidades climáticas
derrubaram a produção de laranja em São Paulo e Minas na safra 2016/17 e
reduziram a oferta de suco no Brasil, o que levou as indústrias a enxugarem os
estoques para tentar manter seus compromissos no exterior.
Mesmo assim os embarques brasileiros encolheram em 2016, o
que ajudou a sustentar as cotações do FCOJ no mercado internacional naquele
ano. Com a expressiva recuperação da produção da fruta no cinturão paulista e
mineiro no ano passado (safra 2017/18), contudo, os preços voltaram a cair.
Por causa dessa recuperação da produção em São Paulo e Minas,
onde as grandes indústrias se abastecem de matéria-prima para produzir o suco
que exportam, a CitrusBR projeta que os estoques em 30 de junho, quando a safra
2017/18 terminará "oficialmente", deverão somar 254.200 toneladas,
137% mais que no fim da temporada 2016/17.
Trata-se de um volume suficiente para suprir 12 semanas de
demanda das grandes indústrias, o que é considerado ainda pouco pela CitrusBR.
A entidade destacou que em 30 de junho de 2013, por exemplo, os estoques de
suco brasileiro eram suficientes para 35 semanas de demanda. Mas aquele era um
patamar elevado demais, resultado de uma sequência de supersafras de laranja no
principal cinturão no mundo.
O fato é que a demanda mundial por suco de laranja continua
a frustrar as indústrias exportadoras, e eventuais altas das cotações
internacionais dependem cada vez mais de "choques" na oferta. Não por
acaso, um inesperado aumento das vendas nos EUA, maiores consumidores globais,
causou alvoroço no mercado na semana passada.
Ocorre que, em virtude de um surto de gripe, os americanos
compraram mais suco em janeiro. O aumento foi pequeno, de 0,9% em relação a
janeiro de 2017, segundo a Nielsen, mas foi o primeiro nesse tipo de comparação
em cinco anos. Analistas ressalvam, entretanto, que a tendência não vai se
sustentar.
Ontem, na bolsa de Nova York, os contratos futuros de segunda
posição de entrega (maio) encerraram a sessão a US$ 1,4780 por libra-peso, com
alta de 35 pontos em relação à véspera, ainda sob a influência do crescimento
da demanda americana.
Trata-se de um nível superior à média registrada em janeiro
(US$ 1,4313), mas inferior ao patamar médio de janeiro do ano passado (US$
1,7494). Em novembro de 2016, no auge da escassez causado pela quebra da safra
brasileira, a média alcançou seu recorde histórico (US$ 2,1293).