Para onde caminham os pomares da Flórida
Novo relatório do Departamento de Citrus da Florida aponta que produção de laranja do estado pode cair 24% nos próximos 10 anos
A citricultura da Flórida passa por um momento delicado. Com clima adverso e avanço de doenças, os produtores têm visto boa parte de sua produção apodrecer no chão. Um cenário que pode não melhorar muito nos próximos anos. Um novo relatório divulgado pelo Departamento de Citrus da Flórida aponta que nos próximos 10 anos, o principal estado produtor dos Estados Unidos deve colher apenas 106 milhões de caixas, uma redução de 24% em comparação com a estimativa de 139 milhões de caixas para a safra 2012/2013. A produção de toranja também cairia 20%, para 13,6 milhões de caixas.
De acordo com o economista-chefe do Departamento de Citrus da Flórida, Matt Salois, responsável pelo estudo, mesmo num cenário mais otimista, a redução de produção nos próximos 10 anos chegaria 136,5 milhões de caixas. No cenário mais alarmista, a produção despencaria para 82 milhões de caixas.
O professor emérito de economia da Universidade da Flórida, Tom Spreed vê com cautela os números levantados. "Os dados estão bem embasados, mas temos que levar em conta que essa atividade é muito dinâmica e as condições mudam a todo o momento". Spreed ressalta que o resultado mais problemático, caso esses cenários se confirmem, seria a perda de uma ou mais empresas processadoras de suco do estado. "Estes são os números mais baixos que vimos", disse Spreen. "Eu não acredito que chegue um momento em que não tenhamos nenhuma indústria de citrus da Flórida. Mas pode acontecer dela não ter a mesma importância econômica de hoje".
As empresas processadoras de suco compram 95% da colheita anual de laranja da Flórida e mais de 60% da produção anual de toranja. Segundo Spreed, nesse cenário de redução de produção, não haveria fruta suficiente para manter todas as plantas operando economicamente no estado. "Para os produtores de frutas cítricas isso significaria menos concorrência para comprar os seus frutos e declínio dos preços agrícolas no longo prazo" analisa o professor.
A produção de laranjas na Flórida já vive um declínio nos últimos anos. Basta notar que, antes dos furacões de 2004 e 2005, o estado colhia em média 226 milhões de toneladas. A indústria perdeu área plantada para os furacões e para o desenvolvimento econômico até 2008, mas o maior fator por trás das perdas dos pomares foi a chegada do greening em 2005. Atualmente a estimativa é de que 80% a 90% das plantações de citrus do estado tenham registro da doença.
Para prever os cenários, o relatório leva em conta as contínuas perdas no número de árvores cítricas e rendimento de frutos por árvore por causa do greening e do número de novas plantações para substituir árvores mortas. Novas plantações são um problema porque os produtores têm encontrado a doença também em árvore jovens, que significa que essa planta não irá atingir sua maturidade, o que normalmente leva cinco anos e, assim, poder produzir comercialmente.
Segundo o diretor do Departamento de Citrus da Flórida, Salois, devido a esse problema, os produtores da Flórida, em média, têm replantado apenas metade do número de árvores perdidas para greening. No entanto, em seu cenário mais provável, coloca a taxa de substituição de árvores mortas em 75%. " Esse índice não é irrealistas porque alguns processadores do estado têm oferecido garantia de preço acima do mercado como incentivo para que os citricultores replantem".
Diante desse aspecto, professor Spreen diz que tinha projeções de colheita mais otimistas no futuro, uma vez que acreditava que os produtores iriam responder a esse incentivo de preços. No entanto, ele reconhece que esse incentivo não deve ser suficiente caso o greening continue avançando e fazendo com que as laranjas caiam do pé antes da colheita. A queda prematura de frutas tem sido a pior em décadas. "Mesmo que a pesquisa cientifica encontre uma resposta imediata para o greening, vai demorar pelo menos um década para reverter as quedas atuais".
Com informações do jornal The Ledger